Pesquisa da Unicamp detectou alta concentração de metais nos canteiros.
Partículas podem atingir lençol freático e afetar saúde, dizem pesquisadores.

O solo dos canteiros das rodovias Dom Pedro I (SP-65), Anhanguera (SP-330), Bandeirantes (SP-348) e Zeferino Vaz (SP-332), em Campinas (SP) estão com concentrações de metais acima do recomendado pela legislação ambiental, segundo uma pesquisa da Unicamp.

O estudo desenvolvido na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC), mostrou que as rodovias têm solo contaminado por elementos potencialmente tóxicos, como vanádio, arsênico, cromo, chumbo, zinco e níquel.

A legislação sobre a qualidade da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) estabelece três faixas de valores máximos orientadores da qualidade do solos – de referência de qualidade, prevenção e intervenção, que já apontam uma contaminação.

Segundo o pesquisador Felipe Canteras, a quantidade de elementos encontrados ultrapassa o índice recomendado. “A gente fez a comparação dos nossos resultados com os orientadores da Cetesb e, na maior parte das amostras, detectamos que os valores dos elementos potencialmente tóxicos ultrapassaram os valores de prevenção”, disse. Segundo ele, se as fontes poluidoras não forem controladas, os números podem ser ainda maiores, chegando a índices de intervenção.

Lençol freático

As concentrações de cromo e chumbo na rodovia Anhanguera ultrapassam os valores de intervenção, assim como nas rodovias Bandeirantes e Dom Pedro I. Apenas o vanádio não apresentou índice acima de qualidade na rodovia dos Bandeirantes. Todos os outros elementos tiveram ao menos uma amostra com resultados acima dos parâmetros de qualidade.

De acordo com a pesquisadora Silvana Moreira, esses elementos podem ser dispersos pela ação da chuva e do vento, atingindo o lençol freático e plantações próximas às margens das rodovias.

“Os poluentes podem ficar primeiro em suspensão na atmosfera e depois se depositar no solo por via seca ou através da chuva. Quando chove, esses elementos que estão na camada superficial do solo podem se infiltrar e atingir o lençol freático”, diz.

As partículas, que podem ser resultado da queima de combustíveis, do desgastes das peças dos veículos ou da fumaça de indústrias às margens das rodovias, preocupam os pesquisadores. “Caso esses valores de intervenção sejam ultrapassados, sem dúvida nenhuma existe uma preocupação com relação a saúde da população e também da fauna e da flora”, afirma Canteiras.

Problemas de saúde

O alerta da pesquisa é também para os trabalhadores das rodovias e motoristas que trafegam todos os dias por esses vias, que podem sofrer com a presença desses metais. O gerente de posto Jones Molina, que trabalha próximo a uma delas, diz que sente que o contato com a poluição é maior. “Nós que estamos aqui em contato com os carros e a poluição de escapamento, é bem maior. A gola da camisa fica preta por dentro”, conta.

Segundo os pesquisadores, o estudo pode auxiliar na fiscalização dos órgãos responsáveis. “O objetivo do estudo é fornecer os subsídios para que os órgãos de fiscalização, como a Cetesb, tomem providências e tentem controlar essas emissões”, afirma Silvana.

Procurada pela EPTV, a Cetesb disse que desconhece a pesquisa e, por isso, não vai comentar o assunto. A companhia não respondeu sobre como a fiscalização é feita atualmente.

Fonte: G1

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

×