Brasileiro conquistou um prêmio do governo dos EUA por desenvolver uma técnica que despolui solos contaminados com petróleo sem danificar o ambiente

2015 foi escolhido pela ONU como o Ano Internacional dos Solos. Mas a situação não é boa: mais de 30% dos solos do mundo estão degradados, e grande parte dessas áreas está contaminada. Para piorar, não há uma técnica eficiente para descontaminar solos poluídos com petróleo ou combustível. Ou não havia. Um brasileiro ganhou, no mês passado, um prêmio de inovação do governo dos Estados Unidos justamente por ter desenvolvido uma técnica de descontaminação.

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Descontaminar o solo não é fácil, e a maior parte das técnicas existentes hoje são pouco eficientes. Na verdade, elas não descontaminam – elas destroem. O solo poluído é retirado do local e levado para queimar em incineradores. Perdem-se o solo e o combustível que, por algum motivo, foi derramado no local. É esse problema que o engenheiro químico Fernando Pecoraro tenta resolver. Ele desenvolveu uma tecnologia a partir da laranja para descontaminar ambientes, o que lhe rendeu o prêmio de melhor desafio nos avanços na área da química verde do Departamento de Ciência e Tecnologia dos Estados Unidos.

Pecoraro começou a desenvolver a técnica porque percebeu uma necessidade no mercado. Antes de fundar a sua atual empresa, aAmbievo, ele trabalhou em uma empresa de atendimento emergencial para caso de vazamentos de petróleo no mar. “Muitas empresas nos procuravam para resolver problemas de contaminação também no solo, mas esse não era o foco da empresa”, diz. Para criar a tecnologia, Pecoraro precisou sair dos laboratórios. Ele foi ao mercado, às empresas que já passaram por problemas de contaminação de solo, perguntar o que elas achavam que faltava no processo de contaminação, quais as características que uma tecnologia dessas precisava ter. O resultado desse estudo de campo foi um sistema móvel. A planta que descontamina o solo está dentro de uma carreta de caminhão, que pode se locomover até o local contaminado. Eles colocam o solo contaminado na carreta, e ele sai limpo depois.

O segredo, segundo Pecoraro, é a casca de laranja. A tecnologia usa oóleo tirado da casca, que é um subproduto da indústria do suco de laranja. Esse óleo, um solvente, passa por um processo químico para se tornar ainda mais forte. “A gente aumenta em vinte vezes a capacidade de solvência do óleo. Ele se transforma num supersolvente que se chama Terpeno-P”, diz. O solvente consegue separar o solo da substância que está contaminando. Ele foi testado com contaminações de óleosgasolinapetróleo, sempre com sucesso.

No momento, Pecoraro tem duas plantas – uma está em atividade, a outra em manutenção. Mas a ideia é expandir o projeto. O interessante da técnica é que ela permite reaproveitar tanto o solo quanto a substância que estava contaminando. “Nós conseguimos separar o óleo, e ele pode ser reutilizado, pode voltar ao processo produtivo”. Desta forma, é possível “reciclar” tanto a terra quanto a substância que está contaminando. Nada se perde.

Fonte: Época

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